A Recuperação – Fase 3

Seria injusto relatar 8 meses em apenas uma publicação. A fase 3 não se tratava somente de uma simples mudança de Estado, mas sim de uma nova vida, com novas limitações. Enfim, outra rotina….

Ainda em 2016, assim que cheguei em São Paulo, conheci o Essio e o Tavela. Era véspera de Natal e, o Tavela queria muito tomar banho de cachoeira e escalar em algum local com sombra. O destino escolhido por ele foi Águas da Prata/MG que, ainda por cima, oferecia ao final da escalada, uma diversidade de comidinhas, dentre elas, o bolo de milho.

Escolhemos um setor de fácil acesso para não forçar tanto meu pé e ficamos próximos à “pracinha dos bêbados” e das barraquinhas de comida.

O Tavela montou top rope para mim. Achei o tal 6sup um pouco mais difícil do que estava acostumada e, confesso que apanhei um pouco para entender como funcionava a via, mas gostei bastante!

Naquele dia, apenas nós dois escalamos, pois o Essio estava se recuperando de uma lesão no ombro, mas para não ficar sem fazer nada, entre uma escalada e outra, ele nos servia um cafezinho, além de sempre dar uma moral com os betas, quando era minha vez de escalar.

 

Via de Escalada em Águas da Prata/MG, no setor da pracinha dos bêbados.

Terminada a escalada, comemos o bolo de milho e aproveitei para conhecer a fonte de água medicinal (vale a pena conhecer!) que fica ao lado das barraquinhas. Basta levar sua garrafinha e encher de água!

Na volta, como ainda estava claro e era caminho, resolvemos parar na Pedreira do Garcia, em Campinas. Além da prática da escalada, por ser bastante extensa, a pedreira tornou-se uma área de lazer e convivência muito frequentada por praticantes de aeromodelismo, atividade física e também por curiosos.

Talvez pela sensação de “tudo junto & misturado”, ao primeiro contato, não sei se gostei de lá. Foi a primeira vez que escalei em uma pedreira e, além de sentir instabilidade em algumas agarras, achei o basalto muito menos aderente (ou “liseba”, como costumamos dizer) que o granito e o calcário.

Eu precisaria escalar mais lá para ter uma opinião formada.

 

IMG_8891
Pedreira do Garcia – Campinas/SP

****

 

Depois da última escalada, através do Tavela, conheci a Hellen. Professora de educação física e escaladora, ela morava na mesma cidade que eu e, após trocarmos algumas mensagens, combinamos de escalar na pedreira, antes do ano acabar. Na data marcada, também conheci a Thaís, escaladora e frequentadora assídua da “pedroca”.

Com elas, tive a oportunidade de entrar novamente na via que eu havia escalado com os meninos, dias antes, e percebi uma melhora significativa da minha leitura e performance. Notei o quanto a pedreira poderia ser útil para minha evolução, desempenhando papel semelhante à do muro de escalada indoor, quando eu morava no Rio.

E assim, fui fazendo do limão, uma limonada…

IMG_9023
Hell, Eu e Thais

****

Apesar de todas as escaladas que eu havia feito no Rio, de novembro até o final de dezembro, ainda não sentia confiança física e emocional para voltar a guiar.

Adicionalmente ao emocional, o que sempre me incomodou e passou a “modular” o meu dia, foi a dor e, impressionantemente, a escalada se tornou o meu remédio; Quando eu escalava, apesar das dificuldades e limitações, sentia pouca ou nenhuma dor. Encarava como uma fisio(&)terapia. Ao contrário do que muitos pensam, a escalada não é um esporte perigoso. 🙂

Bem como no dia a dia, o que mais me castigava era qualquer simples caminhada.

 

 

Mesmo com tudo isso, nunca deixei de acreditar na minha recuperação total, livre de medicações e limitações.

O ano de 2017 estava só começando e, apesar das dores, outras viagens surgiriam. Morar em uma cidade que não tem escalada me obrigava conhecer picos novos….

IMG_9141
31 de Dezembro de 2016. Adeus, ano velho. Feliz Ano Novo!

 

4 comentários em “A Recuperação – Fase 3

  1. Camila, estou começando a escalar agora, fazendo uns treinamentos com meu namorado, que te conhece, aqui no Rio de Janeiro, e depois pretendo fazer o curso também com o Leoni. Ler o seu blog tem sido muito importante para mim e ao contrário do que parece, incentivador. Obrigada por compartilhar com todos uma experiência tão marcante. Gratidão.

    Curtido por 1 pessoa

    1. Que alegria saber que o blog tem ajudado a incentivar o esporte! Essa é a intenção mesmo, já que eu amo escalar e jamais deixaria de fazer por causa do problema no meu pé! 💜 O Leone foi o melhor professor de Escalada que eu tive e, se pudesse voltar atrás, não faria nada diferente! Vá em frente, pra cima sempre…. a escalada eh mara!!! Precisando, estou por aqui!! Kmonnnn 😄

      Curtir

  2. Nossa… que relato!! Parabéns pela superação. Tenho 23 anos e escalo na rocha desde os 12, mas confesso que por ter medo de me machucar, não tento evoluir muito acima do meu limite. Escalo sempre IV, V grau no máximo. Faço kitesurf e tive uma lesão parecida com a sua (mas em menor escala rs), pois cai com o pé preso na alça da prancha. Eu gosto muito da via na qual vc se machucou, e o engraçado que não consigo imaginar onde seu pé possa ter ficado preso, pois essa via chega no cume e, pelo que me lembro, é um lance exposto de aderência. Nem quero imaginar o sufoco que foi para descer… parabéns mesmo, guerreira.

    Curtir

Deixe um comentário